Pieroli, D.A.

Primeiro relato no uso de isolamento absoluto na odontologia foi do Dr. Sanford C Barnum em 15 de março de 1864.  Desde então, o ensino da técnica foi progressivamente introduzido na grande maioria das escolas de Odontologia em todo o mundo. A técnica é universalmente reconhecida como o método ideal de controle de umidade, segurança para o paciente e fundamental nos procedimentos odontológicos adesivos.

Os resultados das restaurações são significativamente melhores quando realizadas sob isolamento absoluto, em comparação com outras formas de isolamento, como o isolamento relativo (usando roletes de algodão e sucção). O dique de borracha proporciona benefícios claros para procedimentos restauradores, especialmente aqueles que envolvem a adesão de materiais como resinas compostas, cimentos e selantes, que são sensíveis à umidade.

A seguir, algumas razões e evidências que sustentam essa melhoria nos resultados:

1. Controle Superior de Umidade

  • O sucesso de restaurações adesivas, como resinas compostas diretas, semidiretas e restaurações cerâmicas indiretas, depende de um campo operatório seco. A presença de umidade no esmalte ou dentina pode comprometer a adesão do material restaurador, levando a falhas de união, infiltrações e descolamento precoce.
  • O dique de borracha isola a área de trabalho, eliminando completamente o contato com saliva, sangue ou fluido gengival.

2. Melhoria na Resistência de União

  • Estudos clínicos e laboratoriais mostram que o uso do isolamento melhora a resistência de união em restaurações diretas e indiretas. Isso ocorre porque o campo seco favorece o condicionamento do esmalte e da dentina e melhora a união dos adesivos e dos monômeros nas estruturas dentárias, o que aumenta a longevidade e a integridade das restaurações.
  • A contaminação por umidade pode impedir a polimerização completa dos adesivos e comprometer a formação de uma interface adesiva adequada, o que leva a falhas prematuras, como infiltrações e cáries secundárias.

3. Redução de Infiltração Marginal

  • A infiltração marginal ocorre quando há falha na vedação entre a restauração e o dente, permitindo a entrada de bactérias e fluidos, o que pode resultar em cárie secundária e falha restauradora. Sob isolamento absoluto, o risco de contaminação e infiltração marginal é significativamente reduzido, uma vez que o isolamento impede a entrada de saliva e outros contaminantes.

4. Procedimentos Adesivos Mais Previsíveis e Maior Longevidade das Restaurações

  • Restaurações adesivas diretas e indiretas, como selamentos de canais, colocação de onlays/inlays e procedimentos estéticos, são muito mais previsíveis e de maior sucesso quando o isolamento é utilizado. Isso ocorre porque o ambiente controlado permite ao clínico aplicar materiais restauradores e adesivos com maior precisão, sem a interferência de fatores externos como umidade ou movimentação dos tecidos moles.
  • Diversos estudos indicam que restaurações feitas com isolamento absoluto apresentam maior longevidade do que aquelas realizadas sob isolamento relativo. Isso se deve à melhor adesão, menor infiltração e à preservação das margens restauradoras, o que ajuda a evitar complicações, como cáries secundárias ou fraturas das restaurações.
  • Restaurações colocadas sob condições inadequadas de umidade apresentam maior probabilidade de falhas prematuras, descolamento ou deterioração das margens, especialmente em dentes posteriores sujeitos a cargas oclusais maiores.

Evidências Científicas

Estudos clínicos e laboratoriais corroboram esses pontos:

  • Estudos laboratoriais demonstram que a resistência de união de adesivos e resinas compostas é significativamente maior em superfícies dentárias secas e sem contaminação por saliva, sendo o isolamento absoluto a melhor opção para assegurar essas condições.
  • Ensaios clínicos in vivo mostram que tratamentos realizados sob isolamento absoluto apresentam menor taxa de falhas e maior tempo de sobrevida, quando comparadas às realizadas sob isolamento relativo.

Conclusão

O uso do isolamento absoluto resulta em restaurações de maior qualidade e durabilidade quando comparado com outras formas de isolamento. O controle completo da umidade, a proteção contra contaminantes e a melhoria na resistência de união ao esmalte e à dentina contribuem para a longevidade e sucesso das restaurações. A técnica é altamente recomendada especialmente em procedimentos adesivos que exigem um campo operatório seco e controlado.

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